Zona de Transiçao, 20 de junio de 2012
Com referências da dança e da música sempre a partir de suas raízes maias, o grupo da Guatemala faz quatro apresentações, sendo três em praça pública e uma no jardim do TJA
O Grupo Sotz’il (Guatemala) apresenta a noção cíclica da vida da cultura maia. O espetáculo Oxlajuj B’aqtun constitui um rito espiritual e artístico que dialoga profundamente com os ancestrais daquele povo indígena. A peça será demonstrada no Zona de Transição – I Festival Internacional de Artes Cênicas do Ceará, na quarta, quinta, sexta e sábado (20 a 23 de junho) nas Praça José de Alencar, Praça do Ferreira, Praça Luiza Távora e no jardim do Theatro José de Alencar.

O grupo recentemente passou por um grande baque. E evoca isso em cena. O guia espiritual e coordenador do projeto, Lisandro Guarcax, foi sequestrado, torturado e assassinado em agosto de 2010, aos 32 anos. Lisandro e seus companheiros de Sotz’il são creditados como fonte de energia a um novo movimento da juventude maya, na Guatemala, com orgulho de sua cultura e modo de vida e pesquisam o desenvolvimento de expressões ancestrais. Como costumava dizer o líder em sua língua-mãe: “Desejamos que todos os nossos esforços se traduzam em conhecimento do outro”.
A proposta em cena é subverter a cultura ocidental que prega o fim do mundo quando na realidade o índio compreende a natureza em ciclos. Oxlajuj B’aqtun é um ritual, como prevê o grupo em seu site: “É uma homenagem a todos os avôs e avós que lutam para manter o equilíbrio desde a Resistência do Povo Maia”. Além dos elementos teatrais, a criação coletiva dirigida por Víctor Manuel Barrillas Crispín conta com nove atores em cena. O grupo é formado por jovens da etnia kaqchikel e soma dez anos de trabalhos artísticos e culturais. Terra de milho, ou Iximulew, é como a Guatemala é definida na tradição maia.
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Zona – Durante a semana de aniversário de 102 anos, o Theatro José de Alencar – TJA, em Fortaleza, estado do Ceará, Brasil, abre o Zona de Transição – I Festival Internacional de Artes Cênicas do Ceará. De 15 a 24 de junho, o centenário palco recebe mais de 40 produções da Argentina, Brasil, Colômbia, Dinamarca, Espanha-Guiné Bissau, Guatemala, Itália e Paraguai. E realiza seminário com diretores, programadores e produtores de festivais artísticos da Argentina, Brasil, Costa Rica, Colômbia, Cuba, Panamá e Uruguai.
O I Festival Internacional de Artes Cênicas do Ceará concentra suas ações nos vários espaços do próprio TJA e migra pelo Centro, a área de Fortaleza que tem o maior número de equipamentos culturais da cidade. Assim, integram a programação espetáculos, intervenções e performances que despontam em diversos palcos: os múltiplos espaços fechados e abertos do TJA, praças, ruas e espaços não-convencionais, como a Reitoria da Universidade Federal do Ceará – UFC. O Zona de Transição diz do desejo e necessidade de convidar a cidade, de convocar a cidade, de falar com muitas das cidades que Fortaleza abriga.